segunda-feira, dezembro 25, 2006

Atiraste uma pedra


"Atiraste uma pedra
No peito de quem só te fez tanto bem
E quebraste um telhado
Perdeste um abrigo
Feriste um amigo
Conseguiste magoar
Quem das mágoas te livrou
Atiraste uma pedra
Com as mãos que essa boca
Tantas vezes beijou
Quebraste um telhado
Que nas noites de frio
Te servia de abrigo
Perdeste o amigo
Que os teus erros não viu
Que o teu pranto enxugou
Mas acima de tudo atiraste uma pedra
Turvando essa água
Essa água quem um dia por estranha ironia
Tua sede matou"

Doces Bárbaros

sábado, dezembro 23, 2006

A vida pesa


Sábado, um dia antes do Natal; Portugal, Lisboa, frio, solidão. A vida pesa, pesa alguns quilos a mais do que outrora. Meu corpo está magro e fino, está sujo e sem cor; minha cara pálida e séria.
A vida pesa.
Parece que estou dentro de um túnel escuro. Tenho a certeza, ou pelo menos a esperança de que existe uma luz no fim, mas o que mais me aflige é que eu não a vejo, não a consigo apalpar com os olhos. E isso vai me causando um corroer dos orgãos. É como a morte. Sabemos que ela existe, mas nunca sabemos nem podemos prever quando ela virá te buscar. Mesmo os mais aflitos que resolvem chegar até ela, mesmo eles, não sabem o seu preciso momento. É um estágio que não se passa, atravessa.
Sei que a vida vai se tornar mais leve, mas não consigo nem prever nem antecipar este momento. E as vezes dá esta angústia de querer que chegue logo. É como quando crianças, esperamos o papai noel, sabemos que ele vem, mas nunca chega. Acontece que eu sei qual é o setimento de quando ele chega, essa é a diferença. Ainda estou dentro do túnel e por isso não sei o sentimento de encontrar a luz, mas estou ansiosa por ele.
Isso pode ser visto como um ponto positivo para a minha caminhada, o fato de sentir que a vida vai se tornar mais leve, mas o fato de não sabermos quando este dia chegará é um sentimento absolutamente inexplicável de tão forte e intenso. E isso faz com que o fato de sabermos que há uma luz seja absolutamente irrelevante, isso significa que aquele ponto positivo que acabei de ganhar no início do parágrafo seja retirado da minha caderneta.
A vida é mesmo infantil. Tudo o que vivemos na infância, desde a espera do papai noel até a vida sendo controlada por pontos positivos e negativos, tudo isso faz parte de toda a vida. E assim crescemos e temos os mesmo problemas, com uma grande diferença, quando se é criança, pode cair o mundo, mas a vida nunca, nunca vai pesar.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

O amor não é cego....


Confesso que durante estas tardes-noites que tenho passado, muita coisa tem entrado e saido da minha cabeça, muita coisa mesmo, que ela chega a fever em alguns momentos.
Nestes dias tenho visto e revisto alguns sentimentos e paixões. Talvez todo esse choque que vivo agora, tudo isso, entre desamores, solidão, saudade, impotência, medo, resume-se em uma palavra: falta. Estou vivendo o choque da pura falta. E por conta disso, vou ficando mais fria, mais dura, menos romantica, menos jovem, resumindo-se em: mais falta.
É por isso que cada vez mais o Artaud faz mais sentido pra mim, assim como quem me ensinou a gostar de Artaud. É que a luta dele pela sobrevivência começa a fazer agora eco. É mesmo duro sobreviver com tantas faltas de liberdade. O juizo de Deus esta realmente instaurado. O egoismo tornou-se um sentimento inato. E viver contra tudo isso é ser louco, é estar louco.
O corpo sem orgãos faz-se mais necessario. Agora entendo realmente o que significa o esvaziamento, ele é por demais doloroso.
E ainda sim, ainda com todo este sofrimento, com todas estas dores e desilusões, ainda sim amar é a unica saida e caminho viavel para que esse novo corpo que se constrói possa ser atravessado pelas melhores intensidades.
Alguns dirão que eu tudo isso, é porque vivo uma desilusão amorosa, mas mais e mais vou percebendo que nao se trata disso, e se trata também disso. Mais e mais o cartesianismo me enjoa e enerva, porque ele é burro. Trata-se tão simples quanto complexamente da totalidade do corpo. Ele é um só e assim que ele deve ser tratado e cuidado, o bom e verdadeiro cuidado de si.
Salve Artaud!!!!!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Salve Antonin Artaud


Preciso escrever alguma coisa para que ela saia do meu estômago. Poderia estar escrevendo em um papel e uma caneta, mas é impossível encontrar qualquer um destes objetos dentro do meu quarto. Minha vida está caótica.
Artaud sempre esteve certo em mostrar o que se passa no estômago. Minha cabeça não pára, mas meu estômago doi, literalmente doi. Não é dor de barriga que faz com que pelo menos alguma coisa saia, é a dor do músculo do estômago de tão entranhada que é.
O frio ajuda com que eu trema mais e mais, e o músculo as vezes acaba por não mais doer e se reduz a pó.
As vezes penso que isto poderia estar acontecendo no verão. Embora eu não goste muito de calor, confesso que sofrer no frio é um pouquinho mais desesperador. Sair e congelar, ficar em casa e congelar. O melhor é estar lá e cá, assim a cabeça não para de tão lenta, ou quebra de tão rápida.
Confesso que estou tentando ...... ir parar onde que eu ainda não sei, mas tenho medo. Engraçado que o lugar que eu me sinto melhor e mais protegida é debaixo do meu endredon, na minha cama, no meu caótico mundo-quarto. Pela primeira vez tenho medo e só tenho a mim, e a cama é a minha, não de nenhuma outra.
Talvez essa viagem toda - porque na verdade tudo isso é uma grande viagem, tenho toda certeza de que estou em uma - me sirva pra alguma coisa...
E o pior é que todas as pessoas dizem que isso vai ser bom pra aprender e que o sofrimento faz parte da vida. Pra todas estas pessoas eu só digo uma coisa: Vão se fuder!!!! Não desejo isso pra ninguém!!!! Hipócritas de merda!!!! Faz bem pro crescimento??? Então vem cá você sofrer!!!!Sociedade hipócrita e medíocre, a sociedade do anti-depressivo e do viagra, não necessáriamente nesta mesma ordem!!!!!

Salve Antonin Artuad!!!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Dia cinzento

As vezes, por mais que o céu não nos apresente nenhuma nuvem e deixe que o Sol se sobresaia, nem é necessário sair de óculos escuros à rua. Talvez um guarda-chuvas, pois parecer que vai chover, e muito....e chove, e muito....

O bom, é saber que podemos sempre ter o nosso porto de chegada, que já foi um dia de partida, mas que nos diz: sempre vou estar aqui, mesmo depois de morrer, lembra que nós combinamos né....

O artista é aquele que faz, seja noite ou seja dia, chova ou faça sol, pois a inspiração funciona sempre de dentro pra fora e não ao contrário - por mais que as pessoas achem que toda ação é fruto de uma reação. O artista não reage, ele age. Não se entrega, a não ser para a precoce morte. Um ato de coragem, de resistência.

Um bom dia (para mim)

terça-feira, dezembro 12, 2006

Tiempo Suspendido

Na semana passada eu encontrei um livro que, desde a criação deste blog, foi o que mais causou-me o sentimento de interlocução com o título do mesmo. "Tiempo Suspendido, fotografia sobre la ruta de Antonin Artaud en la Sierra Tarahumara" de Pedro Tzontémoc.
Ele publicou um livro de belas imagens da Sierra Tarahumara. Fez o mesmo percurso que Artaud 50 anos depois. Artaud foi outro homem depois desta viagem por uma tribo mexicana. Pedro não quis ser Artaud, mas experimentar. Aqui vai um trecho deste belo livro.

"Antonio Artaud nació en Francia
cuando ya era un hombre adulto
se desilucionó de su hermoso querido país.

Su cultura después de muchos trabajps
dificultad para conseguir dinero
pudo venir, a Méxio para conocer.

Para conocer a los Tarahumaras
porque el creía eran una raza pura
que alejado estaban de la civilización.

Siempre tendría una fiel verdad
para combatir su triste enfermedad
quería doctores Tarah le enseñaran sus secretos.

Llegó a la sierra camino de Bocoyna
de Cusárare a Nararachi llegó
y de ohí llegó hasta el mero pueblo Norogachí.

El buscada descubrir y ver los ritos
las danzas del tútuburi tarahumara
sobre dodo quería, Tarah doctores de verdad.

Artaud quería que lo curaran
por medop de la danza del peyote
cuando lo probó, 3 diaz fue muy feliz.

28 diaz caminó a pie
12 diaz tuvo que esperar
para que los Tarah le enseñaran sus secretos.

Por fin lo dejaron ver un tutuburi
cuando vio bailar a los tarahumaras
el pensó eran hijos de los de la Atlantida.

Antonio Artaud también se impresionó
con las piedras que hay en esta sierra
con las huellas marcadas,
que hay en esta Sierra Tarahumara.

Con las formas de hombres y animales
el pensó que no era causalidad
sus ojos descubrieron, una nueva realidad.

Los Tarah lo curaron con el peyote
cuando lo probó 3 dias fue muy feliz
pensó con mas fuerza que los raramuris tenían la verdad.

Artaud regresó a su país a Francia
para platicar lo que en la sierra vivió
y decirles a todos que la verdad estaba en la Tarah.

Nadie le creyó. Considerazon estaba loco
entonces lo encerraro en un manicomio
era una casa donde estaban todos los locos.

Le dieron toques elétricos en la cabeza
pastillas y poca comida le daban
con falsas curaciones, pero así poco a poco murió.

Artaud decía que esa curación
estaba my lejos y era muy diferente
de como curaban los Tarah con el peyote.

Antes de morir Antonio se puso los zapatos
para regressar a La Sierra Tarahumara
para buscar quien lo curara de verdad.

Murió llevando un misterio a la tumba
murió soñado en sus hermanos tarahumaras
murió soñando en toda la Sierra Tarah.

Quiso dar a conocer lo que en la sierra vivió
pero sus paisanos no creyron la verdad
cruelmente fue atormentado sin consideración.

Quiso dar a conocer lo que en la sierra vivió
pero sus paisanos no creyron la verdad
cruelmente fue atormentado sin consideración."

Erasmo Palma,
Norogachi, Chih., 6 de junio de 1992.

"El anciano jefe indio vino a abrirme la conciencia con una cuchillada entre el corazón y el bazó: Tenga confianza, me dijo, no tenga miedo no le haré ningúns dano" y retrocedió tres o cuatro pasos muy aprisa, y tras hacer que su espada descrebiera un círculo en el aire por el pomo y hacía atrás, se precipitó sobre mí, apuntándome y con toda fuerza, como se quisiera exterminarme. Pero la punta de la espada apenas me tocó la piel y sólo brotó una gotia de sangre. No noté ningun dolor, pero sí tuve la imprensión de despertar a algo con respecto a lo cual hasta entonces era yo un mal nacido y estaba mal orientado, y me sentí colmado por una luz que nunca habia poseído".

Antoni Artaud, em seus diários da viagm realizada à Serra Tarhaumara.

quinta-feira, novembro 16, 2006

O melhor dos encontros.


" Vida da minha alma:
Um dia nossas sombras
Serão lagos, águas
Beirando antiquíssimos telhados
De argila e luz
Fosforecentes, magos,
Um tempo no depois
Seremos um só corpo adolescente.
Eu estarei em ti
Transfixada. Em mim
Teu corpo. Duas almas
Nômades, perenes
Texturadas de mútua sedução"

"Te penso.
E já não és o pensado.
És tu e mais alguém
No informe, nos aguardados
Alguém
E tu mesmo sem nome, imaginado.

Te penso
Como quem quer pintar o pensamento
Colorir os muros do passado
De umas ramas finas, mergulhadas
Num luxo de tinturas
Te penso novo e vasto
E velho
Igual à fome que tenho das funduras."
(Hilda Hilst - Cantares)

Quero apenas lhe dizer que não vou a lugar nenhum, e que se isso tiver que um dia acontecer por conta dos desencontros-encontros da vida, tu vais comigo, afinal já não somos mais um desencontro, e sim o mais belo de todos os encontros.

Amo-te mais do que possa supor.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Albert Camus


"Caminhamos ao encontro do amor e do desejo. Não buscamos lições, nem a amarga filosofia que se exige da grandeza. Além do sol, dos beijos e dos perfumes selvagens, tudo o mais nos parece fútil. Quando a mim, não procuro estar sozinho nesse lugar. Muitas vezes estive aqui com aqueles que amava, e discernia em seus traços o claro sorriso que neles tomava a face do amor. Deixo a outros a ordem e a medida. Domina-me por completo a grande libertinagem da natureza e do mar.


Nunca conseguira arrepender-me verdadeiramente de nada.Assaltaram-me as lembranças de uma vida que já não me pertencia, mas onde encontrara as mais pobres e as mais tenazes das minhas alegrias: cheiros de verão, o bairro que eu amava, um certo céu de entardecer, o riso e os vestidos de Marie.


Respondi que nunca se muda de vida; que, em todo caso, todas se equivaliam, e que a minha, aqui, não me desagradava em absoluto.
— Não, não consigo acreditar. Tenho certeza de que já lhe ocorreu desejar uma outra vida.
Respondi-lhe que naturalmente, mas que isso era tão importante quanto desejar ser rico, nadar muito de pressa ou ter uma boca mais bem feita. Era da mesma ordem. Mas ele me deteve e quis saber como eu imaginava essa outra vida. Então gritei:
— Uma vida na qual me pudesse lembrar desta vida. "

quinta-feira, outubro 26, 2006

Can't take my eyes off you.



You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.
You'd be like heaven to touch.
I wanna hold you so much.
At long last love has arrived.
And I thank God I'm alive.
You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.

Pardon the way that I stare.
There's nothing else to compare.
The thought of you leaves me weak.
There are no words left to speak.
But if you feel like I feel.
Please let me know that it's real.
You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.

I need you baby if it's quite all right,
I love you baby to warm the lonely night I love you baby.
Trust in me when I say: OK (It's OK..)
Oh pretty baby, don't let me down, I pray.
Oh pretty baby, now that I found you, stay.
And let me love you, oh baby. Let me love you. Oh baby...

You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.
You'd be like heaven to touch.
I wanna hold you so much.
At long last love has arrived.
And I thank God I'm alive.
You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.

I love you baby, and if it's quite allright,
I need you baby to warm the lonely night.
I love you baby.
Trust in me when I say: It's OK
Oh pretty baby, don't let me down, I pray.
Oh pretty baby, now that I've found you. Stay.
And let me love you, oh baby Let me love you, oh baby

terça-feira, outubro 24, 2006

Momento "Força Estranha"


Força Estranha

Caetano Veloso




Eu vi um menino correndo
eu vi o tempo brincando ao redor
do caminho daquele menino,
eu pus os meus pés no riacho.
E acho que nunca os tirei.
O sol ainda brilha na estrada que eu nunca passei.
Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga.
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou.
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou.
Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha.
Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista
o tempo não pára no entanto ele nunca envelhece.
Aquele que conhece o jogo, o jogo das coisas que são.
É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão.
Eu vi muitos homens brigando. Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta,
é a coisa mais certa de todas as coisas.
Não vale um caminho sob o sol.
É o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada, é o sol.

Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha.

quarta-feira, outubro 18, 2006

1ª mostra de Cinema Brasileiro Contemprâneo

Mostra de Cinema Brasileiro
De 20 a 22 de Outubro, realiza-se, em Portugal, a 1ª Mostra de Cinema Brasileiro contemporâneo. Um total de 12 novos filmes são exibidos no Cinema São Jorge. Subdivididos em temas: Biografias, Trabalho de Actriz e Fotografia e Cinema, os filmes selecionados prometem surpreender o público e os críticos portugueses, tal como aconteceu com a crítica brasileira e internacional que aclamou estas obras. Uma mostra a não perder, portanto!
Cinemas
Cinema S. Jorge
Endereço: Av. da Liberdade, 175 Telefone: 21 310 34 02
Filme(s)

Fábio Fabuloso
20 Out: 14h - Informações Úteis: BIOGRAFIAS - Mesa Redonda com Miguel Faria, realizador do filme Vinicius, Paulo Morais, Director da Escola Superior de Teatro e Cinema, Camila Morgado, actriz, Sérgio Trefaut, realizador com moderação de Nuno Gonçalves, dia 20, às 21h.De Pedro Cezar, Ricardo Bocão, Antonio Ricardo.Documentário Duração: 63mData: BRA, 2004

Carmen Miranda: Banana is My Business
20 Out: 16h - Informações Úteis: BIOGRAFIAS - Mesa Redonda com Miguel Faria, realizador do filme Vinicius, Paulo Morais, Director da Escola Superior de Teatro e Cinema, Camila Morgado, actriz, Sérgio Trefaut, realizador com moderação de Nuno Gonçalves, dia 20, às 21h.De Helena Solberg, com Letícia Monte, Erick Barreto, Cynthia Adler.Documentário Duração: 91mData: BRA, 1994

Olga
20 Out: 18h - Informações Úteis: BIOGRAFIAS - Mesa Redonda com Miguel Faria, realizador do filme Vinicius, Paulo Morais, Director da Escola Superior de Teatro e Cinema, Camila Morgado, actriz, Sérgio Trefaut, realizador, moderado por Nuno Gonçalves, dia 20, às 21h.De Jayme Monjardim, com Camila Morgado, Caco Ciocler, Antonio Calloni, Mariana Lima, Fernanda Montenegro, Osmar Prado.Drama Duração: 141mData: BRA, 2004Internet: www.olgaofilme.com.br

Zuzu Angel
20 Out: 22h - Informações Úteis: BIOGRAFIAS - Mesa Redonda com Miguel Faria, realizador do filme Vinicius, Paulo Morais, Director da Escola Superior de Teatro e Cinema, Camila Morgado, actriz, Sérgio Trefaut, realizador, moderado por Nuno Gonçalves, dia 20, às 21h.De Sérgio Rezende, com Patrícia Pillar, Daniel de Oliveira, Luana Piovani, Paulo Betti, Juca de Oliveira. Drama Duração: 110mData: BRA, 2006Internet: www.zuzuangelofilme.com.br

Castelo Rá-Tim-Bum
21 Out: 16h - Informações Úteis: TRABALHO DE ACTRIZ - Mesa Redonda com as actrizes Marieta Severo e Margarida Marinho, António Pedro Vasconcelos, realizador, Miguel Somsen, crítico de cinema, moderado por António Cunha, dia 21, às 21h.De Cao Hamburger, com Diegho Kozievitch, Marieta Severo, Sérgio Mamberti, Rosi Campos, Matheus Natchergaele.Aventura Duração: 108mData: BRA, 2000Internet: www.casteloratimbum.com.br

A Dona da História
21 Out: 18h - Informações Úteis: TRABALHO DE ACTRIZ - Mesa Redonda com as actrizes Marieta Severo e Margarida Marinho, António Pedro Vasconcelos, realizador, Miguel Somsen, crítico de cinema, moderado por António Cunha, dia 21, às 21h.De Daniel Filho, com Marieta Severo, Débora Falabella, Antônio Fagundes, Rodrigo Santoro, Fernanda Lima.Comédia Duração: 89mData: BRA, 2004Internet: www.adonadahistoria.com.br

Cazuza - O Tempo Não Pára
21 Out: 22h - Informações Úteis: TRABALHO DE ACTRIZ - Mesa Redonda com as actrizes Marieta Severo e Margarida Marinho, António Pedro Vasconcelos, realizador, Miguel Somsen, crítico de cinema, moderado por António Cunha, dia 21, às 21h.De Walter Carvalho, Sandra Werneck, com Daniel Oliveira, Andréa Beltrão, Débora Falabella, Reginaldo Farias. Drama Duração: 95mData: BRA, 2004

Redentor
22 Out: 14h - Informações Úteis: FOTOGRAFIA E CINEMA - Mesa Redonda com Lauro Escorel, Director de Fotografia, Mário Jorge Torres, crítico de cinema, Daniel Malhão, fotógrafo, Leonel Vieira, realizador, Tony Costa, director de fotoggrafia, moderado por Ana Sousa Dias, dia 22, às 21h.De Cláudio Torres, com Pedro Cardoso, Miguel Falabella, Stênio Garcia, Camila Pitanga, Fernanda Montenegro.Comédia Duração: 95mData: BRA, 2004Internet: www.redentor-ofilme.com.br

Cidade Baixa
22 Out: 16h - Informações Úteis: FOTOGRAFIA E CINEMA - Mesa Redonda com Lauro Escorel, Director de Fotografia, Mário Jorge Torres, crítico de cinema, Daniel Malhão, fotógrafo, Leonel Vieira, realizador, Tony Costa, director de fotoggrafia, moderado por Ana Sousa Dias, dia 22, às 21h.De Sérgio Machado, com Alice Braga, Harildo Deda, José Dumont, Ricardo Luedy, Olga Machado.Drama Duração: 110mData: BRA, 2005Internet: www.cidadebaixaofilme.com.br

Jogo Subterrâneo
22 Out: 18h- Informações Úteis: FOTOGRAFIA E CINEMA - Mesa Redonda com Lauro Escorel, Director de Fotografia, Mário Jorge Torres, crítico de cinema, Daniel Malhão, fotógrafo, Leonel Vieira, realizador, Tony Costa, director de fotoggrafia, moderado por Ana Sousa Dias, dia 22, às 21h.De Roberto Gervitz, com Felipe Camargo, Maria Luisa Mendonça, Julia Lemmertz, Daniela Escobar.Drama Duração: 109mData: BRA, 2005Internet: www.filmes.net/jogosubterraneo

Cinema, Aspirinas e Urubus
22 Out: 22h - Informações Úteis: FOTOGRAFIA E CINEMA - Mesa Redonda com Lauro Escorel, Director de Fotografia, Mário Jorge Torres, crítico de cinema, Daniel Malhão, fotógrafo, Leonel Vieira, realizador, Tony Costa, director de fotoggrafia, moderado por Ana Sousa Dias, dia 22, às 21h.De Marcelo Gomes, com Peter Ketnath, Hermila Guedes, José Leite, Zezita Matos, Osvaldo Mil.Drama Duração: 100mData: BRA, 2003Internet: www2.uol.com.br/urubus/pt/home.html

Nenhum dos filmes selecionados eu acho que seja lá alguma obra prima, a maioria são os típicos filmes Rede Globo, como Olga, Dona da História e Redentor, por exemplo.

Cazuza é um bom filme, com um bom ator, embora eu ainda ache que o cantor e compositor foi muito mais do que isso, um gênio da música brasileira que não pensava só em drogas e sexo, foi um verdadeiro intempestivo.

Jogo Subterrâneo é um filme razoável que não compromete.

Cidade Baixa também não é lá o maior dos filmes, mas vem mostrar uma nova safra de cineastas do nordeste. Filme que se passa no subúrbio de Salvador. Vale a pena conferir.

O melhor de todos é Cinema, Aspirinas e Urubus. Também faz parte da nova safra nordestina e ganhou um importante prêmio ano passado na Mostra Internacional de São Paulo e deve ser visto. Não o considero um filme espetacular, mas é um bom filme que traz reflexão e entretenimento.

Os outros eu não vi e portanto prefiro não comentar.

Tudo bem que trata-se de uma mostra de filmes brasileiros contemporâneos, mas talvez uma mostra de filmes brasileiros produzidos entre as décadas de 50 e 90 possam mostrar melhor o melhor do nosso cinema aqui em Portugal, que pelo que vi até agora é muito pouco conhecido. Acho que tenha passar filmes contemporâneos sim, em incentivo à produção atual brasileira que está em cresimento, mas aqui não se conhece muito bem o gênero e por isso talvez começar com uma produção mais antiga fosse importante.
Gosta de cinema brasileiro? Sim, gostei muito do Cidade de Deus. E é só.
Desculpem, mas o Cinema Brasileiro não é Cidade de Deus, e ainda bem que não...

segunda-feira, outubro 09, 2006

Diário de André (VII)


(Escrito com a mesma letra à margem do caderno, tinta diferente: Tantos anos passados, e eu ainda não esqueci. Amar, amei outras vezes, mas como se fosse um eco deste primeiro amor. Não são pessoas diferentes as que amamos ao longo da vida, mas a mesma imagem em seres diferentes. Também me desesperei de outras vezes, até que agora me desesperasse não mais do amor, mas do fato humano. E agora que este pobre caderno veio novamente ter às minhas mãos, entre outros restos desta casa que não existe mais, digo a mim mesmo que realmente não há grande diferença entre aquele que fui e o que sou hoje - só que, com o tempo, aprendi a domar aquilo que no moço ainda era puro desespero; hoje, calado, sofro ainda, mas sem aquela escuridão que quantas vezes me atirou contra as quatro paredes de mim mesmo, enfurecido - e que no seu desvario era apenas a tradução adolescente dsesse fundo terror humano de perder e ser traído, que nos acompanha, ai de nós, durante a existência inteira)
Lúcio Cardoso, em A Crônica da Casa Assassinada

Lembro-me do dia em que ouvi este trecho pela primeira vez. Minha querida amiga Giovana Salerno leu sentada no sofá lá de casa. Estávamos em uma época feliz de nossas vidas, não foi?
Espero que todas vocês estejam bem, pois é desta forma que me sinto agora. Mesmo que longe, sempre nos saberemos.

domingo, outubro 08, 2006

Tilonorrinco


”... en este caso fue un zoo donde tuve la suerte de ver como construía un pájaro de enramada su templo de amor. Había escogido dos montones de hierba en medio de su pajarera y cuidadosamente había despejado un círculo en el suelo en torno a ellos y un canal entre los dos. Después había ido llevando ramitas, trozos de cuerda y pajas y los había ido introduciendo cuidadosamente entre la hierba, de forma que el edificio acabado formaba un túnel.
Fue en ese momento cuando me di cuenta de lo que estaba haciendo; para entonces, tras construir su residencia secundaria, estaba en fase de decorarla. Lo primero que llevó fueron dos conchas vacías de caracol, a las que siguió el papel de plata de una cajetilla de cigarrillos, un pedazo de lana que había encontrado, seis guijarros de colores y un pedazo de cuerda del que colgaba un poco de lacre. Pensé que quizá le gustaría tener más elementos decorativos y le traje unas hebras de lana de colores, unas cuantas conchas marinas policromas y algunos billetes de autobús.
El tilonorrinco estaba encantado; descendió por los alambres para quitármelo todo cuidadosamente de los dedos y volver a saltos a su quinta para ordenar las cosas”.

terça-feira, outubro 03, 2006

CANTARES XLVII


Dorme o tormento
O Eterno dorme suspenso
Sobre as idéias e inventos

Só eu não durmo
Pra te pensar

Dormem perjuros
E vanidades e urnas
Dormem os medos
E califados e ventres
Dormem ardentes
Os loucos, pátios adentro

Só eu não durmo
Pra te pensar

Dormem ativas
As dobradiças
De mil bordéis e conventos

E pêndulos dormindo ao tempo

Só eu não durmo
Pra te pensar

E agora escura
Do jugo dos sentimentos
Irreversiva, suicida
Tateio aquele rochedo
Do ódio de desamar

Hilda Hilst

domingo, setembro 17, 2006

CANTARES

Para poder morrer
Guardo insultos e agulhas
Entre as sedas do luto.

Para poder morrer
Desarmo as armadilhas
Me estendo entre as paredes
Derruídas.

Para poder morrer
Visto as cambraias
E apascento os olhos
Para novas vidas

Para poder morrer apetecida
Me cubro de promessas
Da memória

Para assim é preciso
Para que tu vivas

HILDA HILST

sexta-feira, setembro 15, 2006

A vida é líquida


Alcoólicas
de Hilda Hilst

É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d'água, bebida. A Vida é líquida.
(Alcoólicas - I)

Também são cruas e duras as palavras e as caras
Antes de nos sentarmos à mesa, tu e eu, Vida
Diante do coruscante ouro da bebida. Aos poucos
Vão se fazendo remansos, lentilhas d'água, diamantes
Sobre os insultos do passado e do agora. Aos poucos
Somos duas senhoras, encharcadas de riso, rosadas
De um amora, um que entrevi no teu hálito, amigo
Quando me permitiste o paraíso. O sinistro das horas
Vai se fazendo tempo de conquista. Langor e sofrimento
Vão se fazendo olvido. Depois deitadas, a morte
É um rei que nos visita e nos cobre de mirra.
Sussurras: ah, a vida é líquida.
(Alcoólicas - II)

E bebendo, Vida, recusamos o sólido
O nodoso, a friez-armadilha
De algum rosto sóbrio, certa voz
Que se amplia, certo olhar que condena
O nosso olhar gasoso: então, bebendo?
E respondemos lassas lérias letícias
O lusco das lagartixas, o lustrino
Das quilhas, barcas, gaivotas, drenos
E afasta-se de nós o sólido de fechado cenho.
Rejubilam-se nossas coronárias. Rejubilo-me
Na noite navegada, e rio, rio, e remendo
Meu casaco rosso tecido de açucena.
Se dedutiva e líquida, a Vida é plena.
(Alcoólicas - IV)

Te amo, Vida, líquida esteira onde me deito
Romã baba alcaçuz, teu trançado rosado
Salpicado de negro, de doçuras e iras.
Te amo, Líquida, descendo escorrida
Pela víscera, e assim esquecendo
Fomes
País
O riso solto
A dentadura etérea
Bola
Miséria.
Bebendo, Vida, invento casa, comida
E um Mais que se agiganta, um Mais
Conquistando um fulcro potente na garganta
Um látego, uma chama, um canto. Amo-me.
Embriagada. Interdita. Ama-me. Sou menos
Quando não sou líquida.
(Alcoólicas - V)

terça-feira, setembro 12, 2006

Inocente

Sinto umas saudaaaades de ti...
Que saem de dentro da minha maior inocência
Assim como a sua te faz ainda sorriso-criança.

segunda-feira, setembro 11, 2006

GÉNIO
o mais elevado grau da potência intelectual que o espírito humano pode atingir