terça-feira, novembro 20, 2012

s e n t i m e n t o


é como se eu tivesse inventado a roda
mas inventei você
toquei acordes com os olhos,
soaram em óperas de pássaros
espalhados no meu corpo

querubim, beija-flor, rouxinol
ecos de natureza
me rodeiam

natureza d'alma
d'água
d'árvore
frutos-flores-folhas secas

estar no mundo pela pele
tocar a vida com as pontas, os poros
respirar um cheiro de mato
tão gostoso 
tão cheiroso

parece que o amor tem cheiro

No meu mato tem uma roda
A minha roda tem um cheiro
O meu amor é verde e gira
e vc está aqui, neste turbilhão de sentimentos

quinta-feira, outubro 11, 2012

I N O M I N Á V E L

Inominável, por enquanto
uma só palavra
tantos movimentos
irreconhecíveis, novatos

Temerário?
Mas por que?
Apalpável, só as coxas
Pensar no corpo todo
os sorrisos, as falas

Intensidade pura
atravessa a história
corpo disponível
vida
trans borda

E o inominável transgride
o jogo das palavras
etimologia
idéias, vagas

Experimentar então
cada sílaba
geografia venosa
sonhar águas

Que escorrem
gotículas em cada tempo
nuvens se formam
de sentimentos condensados

quarta-feira, outubro 03, 2012

I N O D O R

É quase como dizer que sofrer é bom
ver prazer na dor das lagrimas
sentir bem o vento do pó
solidão extrema, perder-se em si

Mas é um perder-se
muito perdido
muito distante
nas sombras da noite do agora

É onde me encontro
bordas
deixadas pra logo
perdidas no hiato

Sou tantas, vetores, vetores
Pedaços de instantes
trechos de memórias
viceras de aflições

Tanta aflição
nem nome sei dar
ou lugar de partida
tudo transição
tudo pétala
tudo cheiro
tudo inodor


quarta-feira, setembro 26, 2012

mato

mato grande
mato grosso
espessura do tamanho do mundo

a raiz toma proporções descomunais
a cabeça incha de musicalidades
o temperamento segue a sede

Não se explica viceralidades
condena-se, condenamos todos
O que surge mesmo?

Alguma coisa vem
e vem forte
e vem por toda a superfície 
e não para de surgir

sim, sou do tamanho do que vejo
sou pequena perto deste tamanho
todo de vida
todo de tudo