domingo, outubro 23, 2011

RAIO DE SOL

Onda de multidões
palpites de mega sena
é só pra sonhar
com alguma coisa estranha

Mas afinal
o que é bom?
Em que tempo
se dão as coisas?

No ventre de um sentimento
na minha face
acuado entre as pernas
por de baixo do travesseiro

As coisas se dão a todo momento
e no meu peito, curvado
nasce uma forma
pra onde se vai?
Em que casa viveremos?

Estações partidas
em trens fora dos trilhos
vagões de ilusão
aqui, há um corpo

Que se fecha
como a vida das plantas
e desabrocha
pra qualquer raio de sol.

segunda-feira, outubro 17, 2011

CASA DAS HORAS

Afinal, não houve tempo
no final, eram só as horas
pedindo passagem
pro coração-barreira

Ela não sabia,
que o pedido,
eram os pedaços
os retalhos

E constroem-se casas assim?
De resto de horas?
Por falta de atenção
a varanda ficou torta

E a água acumulou-se
do lado esquerdo do coração
enchente de ponteiros
perdidos, marcando o passo

Talvez a casa móvel
de novo seja o porto
fazer o próprio tempo
inteiro, num pedaço só

Assim não falta nada
covarde, de novo
mal amada

Amor, só distraído
na praia
por poesia
esquecido

Não vai haver casa
enquanto não tivermos tempo
pra saber que o outro lado
é só mais um dos nossos inventos.

segunda-feira, outubro 03, 2011

S A L T O

De novo; novo?
Minhocas no tampo
cobras em curvas
corpo paralisado

Cortes fechados
ainda jorram sangue
amedrontados
corações saltam

Saltos para?
Saltos de?
Vai ou foge?
Pavor!

Calça de pijama
azul-claro-aflanelado
calor por favor
mudança de registros

Troca, novo
criação, radioatividade
tamanha força
da mudança de particulas

Então senta
olha para
aceita a forma diferente
você é outra

Salta, salta, salta
do barco na tormenta
mas cai sem quebrar nada
num pouso macio.

sexta-feira, setembro 02, 2011

P O R O S I D A D E

Pesadas, moléculas
átomos que ocupam
todos os poros
da velocidade do pensamento

Química. Quebra de substâncias
espada cortante
do samurai-cavaleiro,
ou era arco? Sim! O arqueiro

Fatia-se escamas
os acontecimentos do agora
a cada hora
o tempo amansa

E a alegria avança

E a dança,
nova criança

De perto desapareço
e tranquilo o corpo dorme
já não se volta,
nem por qualquer homem.

quinta-feira, agosto 04, 2011

VONTADE DE IR PRA CHINA

Meu peito aperta
minhas mãos tremem
e já nem sei porque
inventei algum terremoto

Vontade de que?
morrer de novo?
solidão por favor me abraça
e dorme comigo sem pirraça

No espelho já não reconheço
nenhuma parte do meu corpo
nenhum toque do meu esforço
que há tempos lanço ao mar

E o Tsunami arrasa
minhas pilastras
minhas vontade de ser melhor
ecos de medo me assolam

Partir? Pra onde?
Talvez pra China
ser estrangeira
não mexer a língua.

Ficar imóvel
como estátua de bronze
e passar o chapéu em busca
de esmolas de amor.

Mandarim, beijos
de olhos orientes
sangues pelas fendas
paredes de cimento movediço

Enterro então os pés
e o cimento vira pedra
meu coração?
apenas uma alga
que vai e vem
com o movimento
da natureza
e entope as veias
da vida
que só queria que fosse
líquida.

sexta-feira, julho 22, 2011

LAMENTO

Ondas de tranqüilidade
espumas de sal e suor
que trabalho dá pensar
e ser o acontecimento

Tenho acontecido
produção de cotidianos
sou humana
não sou humanista

Vês, o laborioso ser?
Vês, no que me transformei?
Prender os pedaços do já
pra não torná-los ontem

E a vida escorre
sem dar chance aos fracos
nem os buracos
do entendimento

Espelho d'água
no vidro vazado
outros ecoam em mim
saídas de emergência

Compulsão,
até pela poesia
pulsação
até nos cadarços do sapato.

METRO DAS NOVE

Trem, limite do silêncio
trêmula, a mão executa
portas se abrem
ninguém sai.

Luzes brancas; éter
várias cores, várias caras
uns de pé, outros dançam
tempo por trilhos

Conversas, cabelos
bolsas, unhas feitas
mapas, imagens velozes
bolor nos corredores

Partida e ponto final
retorno para o início
de um lado ao outro
do outro para um lado

Olhares perdidos
ninguém vê nada
momentos vazios
mergulho em si

Perto da partida
corpo atento
ao badalo da voz
se vai, trocar de trem.

segunda-feira, julho 04, 2011

ACIDENTE

Faltou o sangue
das costelas engasgadas
a cabeça do tamanho da casa
o carro na contramão

Detesto jogos
de pessoas estranhas
mentiras medonhas
pra que mesmo?

Vou cansar desta história
medíocre, alinhada, parva
sou melhor do que pensa
tenho mais vontade de ser intensa

É isso mesmo que você quer?
vou embora, vou ser mulher
o sonho me avisou
que afinal não sou o seu amor

Que enfim, quero o que não tenho
que tenho o que já talvez não queira
e tudo vai passar como fonte
e pegar as armadilhas, inteiras

Me afasto de histórias mal contadas
a minha história, eu invento, eu conto
já não quero a arrogância, de mulheres bestas
sou muito melhor, porque sou a primeira

Te dou então a última noite
a terceira dança, derradeira
aproveitar o tamanho das coisas
ser tudo em apenas um segundo

Desligo então os aparelhos
vejo, mastigo, percevejo
será, que você sabe do risco?
Fui, já não vai haver perigo

RECUPERANDO MEU CORPO

Linhas esquinas
dobras, pontas
perder-se nas retas
encontrar fundos, funduras

Roupas perdidas
nas casas amantes
arcos de memória
lancinantes

Rude, roda, rua
afetos misturados
prazer, dor
cansaço

Falta de ar
medo de não amar
de novo
mais um pouco

Se jogar nos tempos
andar no meio fio
nadar até a margem
correr pelas águas do rio

E quem sabe um dia
eu ainda pegue
uma corrente
viva a nossa história

Sonhos, que perdem-se
na vigilia dos acordados
que embrenham-se no peito
destes amantes mal cuidados

Então lentamente passa
cicatriz fica no coração
e como ocupar o corpo?
agora? ontem, já?

Não sei decifrar os códigos
das imagens das beiradas
sinto, sinto, tanto
que é quase nada!

quinta-feira, junho 30, 2011

CONFUSAO

Tremer pelos limites
estar só
recuperar estruturas
porque se longe, amolecem

Um grande campo
estou ao meio
ponteiro da rosa dos ventos
epicentro do vulcão

Dá pra ser os dois
ao mesmo tempo
coragem, medo
conceito, só desejo

Como é mesmo
que constrói o futuro?
frustrações, comprometimento?
Pedreiro de tijolos moles

Onde é?

Quilometro 35
da ponta do banco de madeira

Qual era mesmo a árvore
que você queria?
Bananeira?

Inventa
Tudo é invenção
tudo é inventado
tudo é invento

leve sombra
da noite fria
prédios consomem energia
luzes
moças
crianças
homens pelados
nus

Todos nus
na hora em que deitam
mesmo que de pijamas de flanela

Todos nus quando fecham
as janelas do olhar
e olham
nem que seja
por uma fresta do sentimento

quarta-feira, junho 01, 2011

BICHOS

Falta de ar no peito
queima, sujeiras
das noites, solidões

Virulento
pus
pra fora
por dentro

Presas, leoas
brinquedos duros
cantigas antigas

Sono, logo cedo
ledo engano
mancebo

Meias
furos, rasgos
cortes horizontais

Cabeças penduradas,
corpos sem vida
fugidia

Um dia mais
um lugar encontrado
tempo sem ponteiros

Já se vão os bichos
nas arcas geladas
do abatedouro

terça-feira, maio 31, 2011

LUGARES

Lugares
que desdobram-se,
linhas intermitentes
setas rubras.

Pedaços de vidas
juntadas pelas carnes
deste tempo, mole
conjunções, cartilagens.

Estou sendo
no topo do barco

BERRO!! Sussurro...

Como gorila
bebo vidas, sólidas
cuspo o fogo do vulcão

Corpo-chama
saliva doce
esfregar a língua
queimar entranhas

Vício, visceral

TURBANTE

Fonte de desejo
que corrói todos
os pedaços
do corpo, lânguido

Ao meio da tarde
pelas frestas do casaco
invadem quentes
as vontades do torpor

Há tempos não se tinha visitas
dos desejos incontroláveis
de trepar à tarde
num dia de mau humor

Vou ali e resolvo
buraco no estômago, novo
volto, aliviada, com mais vontade
de tocar meu próprio rosto

E o calafrio invade toda a roupa
branquidão no rosto congestionado
o mau humor de despede
como uma tarde equivocada

terça-feira, maio 24, 2011

QUENTE

Onde foi que ganhei
todas as notas de suingue
pra me liberar da dança
dura dos amantes tristes?

Sinto muita força
dentro do meu corpo

os muros estão desmoronados
gosto de ser livre, ah, como gosto!

Respiro o ar que vem
do meu quadril
resisto pela pele
onde está o calafrio?

Uma serpente vive em mim
dança no meu ventre
cospe fogo pelas línguas
e tudo parece coerente

Tudo que inventei
agora é meu
ninguém me rouba a consciência,
nem me leva a alegria

E lavar as roupas de sangue
cândida, alvejante
os fios do tecido cedem
as camisas ficam velhas

Posso sair nua, na rua?
juro que não terei frio
que meus seios serão,
enfim a ponta dos meus dedos

E desponta no calafrio
um calor latejante
e sou essa agora
inventei, já não se volta

E uma linha bem fina
atravessa meu entendimento
cada vez melhor
lancinante, estou atenta.

sexta-feira, maio 20, 2011

C A R I N H O

Carinho
quando foi que te pedi?
no dia em não me deste
Agora?

Deixa pra lá
não me serve assim
entre as mesas de marfim
amedrontadas na rua

O que fazes quando dão-te
o que não pediste?
Cospe? Guarda?
E quando pedes?

Fragilíssimo meu pedido
e tu, nem dá por isso
só quer o carimbo
no meu peito. negação

O que eu esperei
me rasga a decepção
vontade de beijar na boca
qualquer lábio que me dão

Mas não, melhor assim
colegas, estátuas duras e neutras
não quero fazer parte disso
minhas olheiras pedem cama

Sei das minhas companhias 
dos meus amores, das minhas vidas
música por todos os lados
você está nelas, mas não quer ouvir

Eu apago as canções?
não há papel, só na cabeça
apago a memória, a inspiração 
desperdicei nas suas curvas

Luta agora para ir 
as músicas já são minhas
e você míngua, míngua
até um dia deixar de existir 




 

segunda-feira, maio 09, 2011

NEXO

Olha pelo azul
das praças cobertas
do vermelho de cobre,
lendárias

Vê, que não são poucos
os vidros quebrados
pelos gritos histéricos
dos homens amedrontados

Histéricos? Homens?
Alguma coisa errada
é que mudei os gêneros
cruzeis as calçadas

Enquanto isso
mulheres amontoadas
tentando ser outra coisa, que não
essa merda que invento, desordenada

E a desordem dos apartamentos
intocados pela higiene aburguesada
não vive ninguém ali, parece
que já ninguém quer viver nada

A sujeira que se acumula
nos cantos dos azulejos
entoados por sereias de pé
agora nada, eu vejo

E ao ver alguma coisa
vou sendo várias
homens, mulheres
e até estas sereias cansadas

Então vamos embora
que nada espera nem te cobra
sou apenas uma coisa
que agora é o agora.

Enfim, vãos são seus desejos
tortos todos os meus azulejos
sujeiras acumulam-se nas orelhas
não quero ser limpa.

Apenas as ameijoas das praias alheias
E tu, quem serás ó silhueta sem sexo?
Sereia, homem, mulher, ou nexo?
Nada, pois já não há classificações

às loucuras do ser humano

quarta-feira, maio 04, 2011

PAPEL ENCONTRADO NO BOLSO DO CASACO


"Como vamos dormir esta noite? Sem olhar pra trás ou com a certeza que tentamos tudo? Não quero mais perceber onde entrei. Mas por que é que fui deixar acontecer? Tava na cara que a cara estaria estatelada no chão, como agora.
Tenho meu coração nas mãos e queria guardá-lo numa caixa; deixar embaixo de uma figueira. Alguém um dia talvez o encontre e ateie fogo, para que nunca mais ouse bater, mesmo que desconectado de suas linhas.
Será que é melhor permanecer dentro de casa? Dormir na cama fria do lençol novo e só trocar quando já estiver puído?"

Agora que esse papel vei ter às minhas mãos, agora que já estou sendo outra, reflito: na água da fonte, reflito meu rosto, minha cara lavada com fome de vida, que nem Macabéa.
Não se pode fazer nada meu filho - diria D. Alcinda para meu tio. Não se pode achar que tens a vida nas mãos como se segurasse um cavalo, pelas cordas ou pela crina. Nem mesmo dos cavalos o homem tem o controle. A vida empina, a vida dá coices. A vida dá pra você um monte de coisas, e o que você faz com elas? Amontoa no lixo fora de casa?

Comecei assim a pensar na compostagem, reciclagem. A casca da laranja nunca vai voltar a ser casca da mesma laranja. Mas irá ser tantas outras coisas, até de repente, quem sabe poder virar uma outra laranja, num outro tempo, de um outro jardim.
D. Alcinda, uma mulher grande, que impunha uma impunhadura apenas com seu cheiro, ocupava todos espaços. Meu tio, foi apaixonado por aquela mulher que lhe ensinou muitas coisas sobre a biologia da vida. Ensinou a ele que quando se pára pra pensar no tempo que se passou, é como se de repente estivesse a varrer o chão que acabou de ser encerado. Mas o tempo não pára. E você fica pra trás amontoado nestas angústias do que foi feito de si. Então tire a cabeça do buraco, larga a vassoura. E procure ir sujar o quintal do vizinho, encha suas mãos de lama, para pelo menos ter o que limpar. Limpeza da pele toda, da carne das unhas dos pés ao último poro do couro cabeludo.
Esta noite sonhei um monte de coisas. E delas nasceu D. Alcinda, nasceu meu tio. E agora estou limpando a minha casca, a minha casa, a minha laranja, o meu tempo. Acabo de me jogar na fonte, e meu rosto só reflete aquilo tudo que ainda não vivi.

Que venha então o reflexo do Sol nas águas do meu coração!!!!

Foto tirada de http://www.fanfiction.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=66065&chapter=all




domingo, maio 01, 2011

TARDE DE SABADO

I
Prédios, plantas
jovens nos bancos
brancos, descascados
o tempo esteve aqui

O silêncio do barulho
escolho sons
com todo o corpo
brisa do outono

Cabeça latejante
ritmo do coração
dói, porque não há sangue
nos pensamentos

Que fome, já é tarde
vontade de dormir na praça
comer folhas secas
crocantes sob o chinelo

Andar até o outro lado
raios amarelos
azul-pintura
topo do corpo

Horizonte vertical
cidades esparramadas,
melhor sair
pra circular os sentimentos

II
E circula o vento frio
condensado pelo sol
viajo no tempo e nos espaços
volto, sem ir

Qual o prazer afinal?
estar aqui, sozinha
não há argumentos
rostos, só os dos outros

Gasto pouco com pernas
energia em outro lugar
sem (des)compensar os rins
compensa este lugar

E aqui comigo
há muita gente
os reis, os índios
os meus, os nossos

E quem eu quero ser
agora? Poder ou potência?
Vou perdendo a gordura
que gruda ao meu jardim

Vou beber um café
para desgrudar a cabeça
o corpo anda
e a tarde já se vai

sexta-feira, abril 29, 2011

CANTO ESPREMIDO

Tenho o corpo espremido pelas extremidades. Desejo controlado trava a coluna, os ombros levantados como sobrancelhas de preocupação. Medo do toque, da pele, do humano. Encolhendo tudo pra não ter tato na ponta dos dedos, pra não ter palavras de amor, declarações soltas pelo ar, vontades indesejadas. Ou são desejadas?


Enfiar agulhas pelos poros, pra sair gás lacrimogênio pelo buracos todos. Vontade de ir embora, dessa casa, dessa cidade, desse lugar. Preciso ir, desculpe. Quando eu voltar, com o corpo mais mole, com vontade de não tocar, talvez tudo fique mais calmo. Mas é que me sinto muito espremida; é essa casa, são essas mesas, essas pessoas que lotam a cidade, os transportes, os meus sentimentos todos. Acuada como bicho solto de medo do homem, fujo.


É isso mesmo, vou fugir dos meus problemas porque não quero enfrentá-los. Não quero bater de frente com esse muro branco que sou eu própria. Fujo pela criação de uma nova vida.


Corpo espremido
nas extremidades
do desejo, do toque
que arde como ferro

Encolhendo os ombros
pra não tocar os dedos
nas palavras, declarações
vontades indesejadas

Abrir os poros
enfiar agulhas
nos buracos todos
e liberar o gás

lacrimogênio
chora o tempo
vontade de ir embora
da casa, da cidade

Queria voltar depois
quando o corpo
mais terno e mole
pudesse tocar as notas




terça-feira, abril 26, 2011

DIA DE NASCIMENTO

Será que dava pra ter nascido ontem? Porque hoje o mundo está desabando sob meus pés, assim ao contrário, de baixo para cima. Embora ainda não esteja sentindo minhas pernas, embora esteja carregando todo o mundo sobre os ombros, no peito; a implosão vem das estruturas, das minhas vigas.
Hoje, que queria ter sido ontem, já não posso ser amanhã. Não guardo rancores da vida, dos amores. Só que agora não queria guardar nada. Poder comemorar todo dia um novo nascimento, o meu. Junto de mim não há ninguém, porque eu quis que fosse assim. Só, no alto da montanha, sinto falta; de ar.
As vigas que não são metálicas, feitas de emoções, de lembranças, memórias, desmoronam, derretem. Sou de ferro fundido, fudido, velho.

Hoje não quero falar, não quero ser, não quero ter. Só as lágrimas que agora já não se acumulam, percorrem todo meu corpo. É quase como apertar a ferida da perna para sentir a alegria da dor, choro, escorro, forço. Força que precisa sair daqui, de dentro de mim, de dentro da minha casa.
Busco espaços livres, e já estou lotada, chego a querer ter vivido menos coisas. Sinto o corpo acumulado, cheio. Preciso de vazio. Quero amar de novo, mas para isso, preciso matar meu coração, espremê-lo, chutá-lo até a outra margem da estrada. Construção. Implosão para construir. Quero parir um novo orgão, bem novinho, bem vazio, para que eu possa enfim descansar em paz, pois afinal o sangue novo circula nas artérias e o ar, que faltou no cume da montanha vai encher meus novos pulmões e vou descer até a cidade, onde vão nascer os novos amores.
E você, já não vai existir. E nós, seremos outros, e a folha viajará pelo parque chamado VIDA. Estou tentando ser outra, juro que estou. Quem sabe dessa vez, você goste de mim, e quem sabe mais tarde, ainda, eu já não goste de doce. Só que na verdade, nada disso vai mais importar, porque seremos outros.

segunda-feira, abril 25, 2011

M E N T I R A

I
Sinais de corpo
jogados
amontoados sobre terra
mortos, carcaças

Só queria diversão
ela, não queria nada
os outros querem o quê?
Sorvetes de morango

Palavras soam
como balas atiradas
de uma arma-dilha
caí na teia da aranha

Sorrateira vida
medida em xícaras
punhados de latitude
miopia da civilização

Questões falsas
angústias fabricadas
de um futuro aterrorizante
Mentira

II
Estou tentando
juro que sim
tento bem até
nunca chegar ao fim

Será que poderia
por favor explodir
a casa onde vivi?
Era só pra nascer de novo

Mais fria
sim, quero ser mais fria
não quero amar
chego a atravessar a rua

Coraçãozinho endurece
virando uma só pedra
de mármore carrara
esculpida no portão

No porão da alma
guardo só entulhos
pras crianças brincarem
com os cacarecos da avó

Mas se não tiver filhos?
É melhor explodir a casa
"Quem perde o telhado
em troca recebe as estrelas"

Eu já não amo
Mentira

segunda-feira, abril 11, 2011

OLHOS D'ÁGUA

I
Menos ar
olhos secos d'água
todo o sal do mar
amontoado nas pálpebras


Ve-se menos a linha
horizontal das relações
ve-se mais círculos
viciados


Pegar uma tangente
viajar nas setas do mar
deixar a onda bater
e levar para o triângulo


Será?
parece que respiro melhor
mais húmido
mais humano


Mesmo que não se chore
mesmo que não se chova
mesmo que calados
estes olhos d'água


Já tão embaçados
a neblina virou lente
o coração virou orgão
e meu amor não virou nada.


II
Conta quantos dedos
aparecem na janela
quantas pessoas
amontoam nela


Vejo a tua cara
vestida de rosto
teu seio
de pedra

Se choro
já não canto
de canto
choro no vagão

Sons me trazem
águas das ondas
choro, choro
e o metrô cheio

Ninguém dá por isso
só se pensa em chegar
mas onde se vai?
Guardar as águas

E já não quero
o que?
já não penso
ser, saber

Sei lá,
hoje quero chorar
até cansar
e ler poesia na cama.

terça-feira, março 22, 2011

MALDITA IGNORÂNCIA

ignorância
s. f.
1. Estado de quem ignora.
2. Falta de ciência ou de saber.
3. Incompetência.

Decidi estudar porque não queria ficar parada vendo a minha vida jogada a este destino capcioso que estavam tentando inventar pra mim. Costumo com freqüência ser questionada o porquê de estudar filosofia, afinal para que serve isso tudo? Essas coisas complicadas, essas pessoas que “viajam”. Viajam para onde? Talvez para um lugar mais perto de mim própria, talvez para ter ferramentas suficientes para construir meu próprio futuro, a partir da realidade que me é dada. Com certeza para poder ter uma melhor condução da vida e aumentar, só aumentar a minha potência de agir, nas mais variadas formas em que isso é possível. Ser afetada de bons encontros, alegres encontros, que só são produzidos, quando se tem um conhecimento adequado das coisas.

Aí, outro dia, ouvi de uma pessoa bem próxima, da qual inclusive nutro uma certa admiração, da qual tenho vontade de partilhar estudos e questões filosóficas, que ela estava em dúvida se escolhia estudar ou optar pela ignorância, afinal ter a própria condução da vida e do que pode um corpo, costuma dar imenso trabalho. Que se agora resolvesse trocar todas as suas submissões e obediências por uma “consciência” do que realmente se passa, e de que lugar pode e deve ocupar no seu próprio ato, fugiria dos lugares que agora está, e seria muito difícil. Que não poderia estar assim atenta todo o tempo.

Eu, absolutamente admirada com essa afirmação, disse que me decepcionava, pois não conseguia entender alguém fazer essa escolha assim tão livremente, não conseguia entender alguém sequer pronunciar esta frase sem nenhuma vergonha. E fui imediatamente refutada, ao ouvir que a minha decepção era problema meu.

Bom, estou até agora um pouco revolta dentro de mim, afinal o que posso fazer? Convencê-la de algo? Nem pensar, quem seria eu? Ao mesmo tempo, essa pessoa a todo tempo procura e quer estar em contato com os livros, com a filosofia. Mas pra que? Diz então que, algumas coisas servem, outras, prefere nem pensar. E eu, muda, só pensando em fugir.

É, agora me deparo com uma questão fundamental. Quero ter essa pessoa perto de mim, gosto dela, gosto de estar com ela, mas, mais do que qualquer outro dia, tive medo de gostá-la. Medo de um dia sequer ter pensado em compartilhar o que quer que fosse. Como alguém pode ser tão covarde, tão ressentida e tão fraca? Sinceramente não sei. Penso em me afastar aos poucos, afinal, que quero eu? Gastando minha energia, meus pensamentos e minhas palavras com uma pessoa que quer estar num estado de ignorância? Acho que agora a escolha é minha, assim como foi a decepção que ela anunciou. Decepção por achar que via ali, alguém que estava em busca de algo parecido com que eu busco, e que na verdade não era bem assim. Que na verdade, não consegue enxergar um Deus não católico, judaico, simplesmente por dar muito trabalho desconstruir todas as coisas.

Me pergunto mesmo, de verdade, o que é que se ganha estando na ignorância? Como isso pode ser bom? Em que instância, em que lugar, onde? As vezes, brinco com amigos, de que certas coisas seria melhor não saber para que não se sofra. Mas hoje percebo, que este estado passa, e que ao corparmos certos conceitos, ao contrário do que se parece, sim, as coisas ficam mais simples, e o sofrimento torna-se menor, afina,l de que formas passamos a ser afetados?

Então, sinceramente, vá pra puta que te pariu sabe. Continuo decepcionada sim, que continua a ser um problema meu sim, e me entristeço em ver tanto potencial jogado no monte de lixo que é a vida dos presos.

"Não há nada de positivo nas idéias que constitua a forma da falsidade. Mas a falsidade não consiste nem na privação absoluta, (pois diz-se que as mentes erram e falham mas não os corpos), nem na ignorância absoluta, pois errar e ignorar são coisas diferentes. Logo, a falsidade consiste na privação de conhecimento". (Ética, Spinoza)

Então priva-se do conhecimento, que vai ser melhor pra você.

Já eu, não sei onde é que vou estar, talvez longe daqui, ou mais tarde num lugar onde valha a pena estar, pois as almas não são nada pequenas, como já diziam os poetas!

IGNORANCIA I

As notas suspensas
sem cessar
ao fundo cachorros latem
e as notas voltam em operetas

As letras, as palavras
invadem um corpo
habitam agora o entendimento
de que? Pra que?

Acordo assim, cheia
de setas que indicam
viradas para todos
os lados.

E a cada afeto que como
fortaleço meu corpo
de conhecimento
e ignoro, os ignorantes

os por vontade
os por escolha
os por omissão
os por covardia

E aqui sentada
contemplo a vida
afinal, não me bastam as letras
é preciso devorá-las!











quinta-feira, março 17, 2011

NO MEIO DE TUDO

Uma perna para a direita
um dedo ao meio
uma palavra muda
sem acertos

Hoje quero
amanhã nem tanto
sábado nem lembro
permaneço nesse estado mole

Hoje quero de novo
domingo nem saio de casa
e segunda já esfriou o tempo
Voltar?

Se volta ou se vai?
saudades dos cabelos brancos
que ainda nem tive
corção verde com veias douradas

Não saber nada
pra onde vão as folhas
por onde olham os amantes
em que buraco se cai

Tenho que levantar
de qualquer forma
em qualquer formato
o meu caminho

O nosso caminho
vocês estão aqui, comigo
estou aí sozinha
pra ver a vida passar.

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

A CASA

Encontrar esta casa
perder-se em si
já adquiri as paredes
sou feita de chão

Florestas estão a invadir
todo o tempo
todos os quadros,
quadriculados

Luz branca cega
luz que dá forma
à todas as bordas
das imagens dela

E te olho, óh natureza
das coisas e dos homens
encorporo-te em meus olhares
cuspo-te pelo dedos

E te toco
assim, de leve
borboletas no teto da varanda
me contam seus segredos.

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Hoje

É, hoje acordei assim, mais capaz de ser afetada por felicidades desses corpos que me cercam. De repente, hoje é diferente de ontem. Que bom!!!

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

D E R E P E N T E









De repente.

Passei a me ver no outro dia, e não gostei muito do que vi. Aquela história de que o passado não muda, me bate na janela e fala para eu deixar de tentar mudar os fatos, porque eles já estão dados, já foi tudo feito. Sinto nojo de mim por dentro de você e isso me assusta. Queria me jogar dentro do sol.

De repente.

Uma certa tristeza assola minha manhã, acordei com os olhos acumulados. Já não posso nadar contra as ondas, ou o mar vai me levar para a ilha deserta de mim mesma. Chove por dentro, e poder tirar esta capa por entre minha pele e meu osso, é mais do que um ato de coragem, é uma tentativa de derrubar essa coisa que inventei pra me distrair, e que agora só me deixa atenta e dura. Queria que a água salgada deste grande mar escorresse pelos meus buracos. O céu está carregado de cinza, quem sabe chova tanto que arranque de dentro de mim alguma gota.

De repente.

Quero correr tanto que não tenho forças pra escolher os sapatos. Meu corpinho está tão mole, tão sem vida, tão sem força. Tenho vontade de largar ele por aí, e pegar outro na loja de manequins. Um bem forte, bem moço, bem feminino, um bem vazio, e encher de balas e doces. Depois pegar um punhado de pedras e jogá-las com tanta força, como se brincadeira de criança fosse. E ver os olhos jogados no chão, espatifados. Ficar só com os outros sentidos.

De repente.

De repente.

De repente.

Amanhã acordo e vejo que tudo não passou de um de repente, um se, e desisto de estar nesta malemolência que hoje está me deixando absorta, revolta.

De repente.

Tenho vontade de me masturbar para provar pra mim mesma que fazer amor comigo é gostoso. E não sinto nojo, não fico em dúvida no meio dos dedos pelos grandes lábios. Mas sim, o grito será seco, e ao invés de gotas de gozo escorrerem pelas minhas pernas, uma única gota de sal escorrerá pelo meu rosto, descendo vagarosamente até molhar meus pelos pubianos e confundirei de onde é que vem mesmo o prazer, se do espelho ou das costelas aparentes nessa magreza do meu coração.

De repente.

Eu não queria ter dito nada disso, e o tempo me convence de que de repente, já está tudo feito, e agora sofre com calma pra desfrutar as novas canções.


terça-feira, fevereiro 22, 2011

Desistência de espaços duros


Dentro aqui
espaços
linhas
rotas

Desisiti
de insitir
no gesso
que cala meu peito

Vou soltando
o molde
de cara de corvo
com bico quebrado

Há tantos corações
neste peito grande
há tantos anões
nesta casa verde

Não, só um anão
o meu, igual ao seu um.
gigantes de pés descalços
com lenços nos punhos

Guerreiros sem armadura
com a cara como escudo
pode bater senhora
as marcas não me deixam mais feia

Me deixam marcada
e sou todas esssas
amarras da floresta
que brindo com leite do meu gozo.

Já vou
quem sabe eu volte
se tiver mais quente a sua fala
se tiver calor esse seu corpo gelado

Você me marcou
com pedra de gelo
agora que vou
te digo, que desprezo

Então será assim
você brinca de fingir
mas eu não brinco de disfarçar
quero-te longe

Não me contamine
com essa coisa dura
não me discrimine por
tentar te inventar

A ciência acaba
agora, deixei sua descoberta
pra você
E eu, não te quero mais pensar

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

MANHÃ NO PARQUE
















Aqui tudo está tão iluminado, que mal consigo abrir os olhos. A poucos metros grandes árvores produzem uma sombra fresca, e por ser sombra, lá é mais escuro.

Gosto de estar onde estou. Logo, posso sentir muito calor e me recolher à sombra; posso sentir sede e beber água; posso cansar e ir embora. Posso ser tudo dentro desta vida que a vida me deu. E cada vez cabe mais. O caos ecoa.

Agora, dentro da casa aberta, cheia de vidros por onde entram todos os raios, os do calor e os da sombra, sinto que há muito espaço dentro e pra fora. Estas paredes de concreto delimitam que há espaço, por entre as brechas e a natureza. Há sempre muitos lados para olhar. Vejo todos eles andando por aí, com roupas dos anos 20, me torno sua contemporânea.

Só contemplo. E escrevo. Sinto. Será que é liberdade o que eu sinto? Algo me atravessa bem no peito, respiro mais ar. A luz que está sempre amarela, me faz manga. Amarela, quente, doce, lambuzada. E como gosto de estar aqui sozinha.

Farei agora deste lugar o meu recanto, meu jardim e meu lugar. Porque simplesmente me sinto muito bem aqui, como se já tivesse frequentado esta casa, quando Gregori Warchavchik e sua esposa aqui viviam.

Decido ir embora agora, mas com uma alegria tão grande de existir, que o sol me acompanha até a porta do prédio, para me dizer que estará aqui amanhã, quando eu quiser voltar e desfrutar de sua companhia. Agora só no final de semana, onde os homens agora modernos descansam. Até lá querido jardim!

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Aula de documentário em 2008.

Toco no branco do papel com os dedos cheios de tinta; observo os movimentos da folha com o vento do norte; e caminho. Caminho sem destino por essa leve mistura de cores e sorrisos que me seduzem. Chego em casa, e afinal, minhas pernas tinham destino, mas minha cabeça ainda vagueia nas imagens da memória desse quadro que ainda não pintei.
Convulsiono de Desejo. Será que já teorizavam os sexólogos que à beria dos 24 anos sente-se muito desejo? Ou talvez a minha mais ou menos precoce vida amorosa, que agora encontra-se na mais inédita solidão, anseia, por corpos que ardem e suam e tocam e pingam? E que adormecem no seio do cheiro do sexo.
Não consigo concentrar-me a não ser nesses gritos que bramam por todo meu corpo e que agora conseguem sair silenciosamente pela tinta da caneta. À minha frente há um homem a falar sobre o documentário inglês dos anos 30. Apenas nomes ecoam e os que consigo escrever são do Flaherty e do Grimson, mas não sei mais nada, pois o húmido e quente que sinto entre minhas pernas não me deixa pensar em nada, absolutamente em nada que não seja sair daqui e a correr para casa e me masturbar até cansar.
Pareço louca, sórdida ou adolescente? Talvez eu seja esse conjunto; esse Uno de Heliogábalo Anarquista que se compreende através dos múltiplos. Prefiro ser tudo ao mesmo tempo; quero que me chamem nomes, que me chinguem dos palavrões mais medonhos que existem, que sou tudo isso. Dou-lhes razão; sou puta, louca, safada, sou.
Acho que já não posso mais suportar este homem a falar na minha frente, mas também se vou para casa fico preocupada que o tempo não está a passar e que não vou conseguir dormir porque meu corpo está a arder, sinto-me febril; tenho suor nas mãos e nas axilas.
Tenho a minha volta exatamente 25 pessoas, contando com aquele homem a frente. E agora passa pela minha cabeça, e se eu de repente desse um grito altista? Ia ser engraçado, as pessoas chamariam-me de doida e eu adoro, adoro como gelado de morango com cereais após o jantar.
Estou praticamente a ter um orgasmo sem sequer me mexer, ou apenas abanando as ancas para os lados. Me vem à cabeça a cena do André no "Lavoura Arcaica", àquela primeira cena em que ele masturba-se ao som do comboio. Fecho os olhos e o André está mesmo ao meu lado. Queria unir-me a ele no grito desabado deo desejo, mas as 25 pessoas me inibem. O que chocaria mais essas pessoas; aquele grito altista, o grito desbado após a masturbação, ou o grito de dor ao cortar-me toda; ou ainda o grito de vômito; ou o grito do meu cú a cagar em frente ao ecrã no fundo da sala? Dava uma boa aposta sem dúvida. Como acho que não consigo fazer todas essas coisas ao mesmo tempo, deixo a aposta para outra ocasião.
Acho que vou sair daqui e fumar um cigarro, quem sabe esses devaneios desapareçam, quem sabe...

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Carta ao meu amor


Olá.



Quero viajar para aquele lugar onde a solidão faz sentido, onde estar só e somente só é o puro existir. É como se eu sentisse o vento no rosto, batendo como na infância ao correr por entre as coisas que nem sabemos o que são.


Queria apenas estar em outro lugar, mas um lugar que fosse meu e somente meu, como brincar sozinho com o amigo invisível. Mas por que não torno o aqui também meu e somente meu? Por que desta impossibilidade de me desvincular dessas raízes, deste cordão umbilical? Por que não torno este mundo visível? Tenho sindrome da infância.


E o mais engraçado é que mesmo ao brincar de bonecas na casa que já não lembro bem, você está lá ao meu lado, simplesmente existindo. Questiono se não seria amor mesmo, desses de ficar pra sempre juntos, fazer sexo. Aí já me embanano toda, porque não sei pensar direito nessas coisas, e vou ficando cansada.

Pelo menos estou treinada a cansar a minha cabeça, porque se ela pensa demais, a aflição reina, e o sistema pifa!


Engraçado, é preciso cansar a cabeça pra que possa descansar o corpo. Aí a cabeça fica mais descansada e tudo flui melhor. Começo, bem no começo, a gostar de estar sozinha, me possibilitando que eu aqui esteja nessa hora, inteira e juntando as partes.


Vou criando um mundo meu, de lembranças. O cheiro, a cor do céu, a temperatura, tudo isso já foi vivido, compartilhado, e agora torna-se difícil começar do zero. Embora eu pense como num filme, minha vida não o é, e vou me enterrando no meio das minhas canções, que entram para o esquecimento.


Chego a pensar que nunca mais te verei, ou como nas histórias de amor, nos encontraremos velhinhos e com a vitalidade ainda para se redescobrir.



No fim das contas, acho que estou bem, embora esteja ignorando os problemas. Não sei se é uma fuga ou uma maneira mais razoável de coexistir com eles.

No mais, sinto muito a sua falta, da sua fala correta, das nossas intermináveis buscas pelos conceitos até nos cansarmos e irmos dormir de olho aberto.


Olha meu amor

Olha lá fora

Veja quantos átomos se mexem


Olha pra dentro agora

E vê quantas vidas se manifestam

Dentro desta aflição toda, que sei te perturbar


Mas pensa no que é preciso

Amar por dentro e para fora

És tão amado, por favor não ignora


Estou tentando entender

O que faz mesmo valer?

Pra que viver??


Encontro pelo menos uma razão:

você.

E assim, peço todos os dias aos deuses


Que possas estar bem

para mais uma vez

poder tocar


Neste coração que só sabe amar

Você, meu amado

Então fica, fica, fica comigo!


Sempre sua!
Com amor

H.