

Ritual
Cazuza e Roberto Frejat
Pra que sonhar
A vida é tão desconhecida e mágica
Que dorme às vezes do teu lado
Calada
Calada
Pra que buscar o paraíso
Se até o poeta fecha o livro
Sente o perfume de uma flor no lixo
E fuxica
Fuxica
Tantas histórias de um grande amor perdido
Terras perdidas, precipícios
Faz sacrifícios, imola mil virgens
Uma por uma, milhares de dias
Ao mesmo Deus que ensina a prazo
Ao mais esperto e ao mais otário
Que o amor na prática é sempre ao contrário
Que o amor na prática é sempre ao contrário
Ah, pra que chorar
A vida é bela e cruel, despida
Tão desprevenida e exata
Que um dia acaba
Não amo ninguém
Cazuza, Roberto Frejat, Ezequiel Neves
Eu ontem fui dormir todo encolhido
Agarrando uns quatro travesseiros
Chorando bem baixinho, bem baixinho, baby
Pra nem eu nem Deus ouvir
Fazendo festinha em mim mesmo
Como um neném, até dormir
Sonhei que eu caía do vigésimo andar
E não morria
Ganhava três milhões e meio de dólares
Na loteria
E você me dizia com a voz terna, cheia de malícia
Que me queria pra toda vida
Mal acordei, já dei de cara
Com a tua cara no porta-retrato
Não sei por que que de manhã
Toda manhã parece um parto
Quem sabe, depois de um tapa
Eu hoje vou matar essa charada
Se todo alguém que ama
Ama pra ser correspondido
Se todo alguém que eu amo
É como amar a lua inacessível
É que eu não amo ninguém
Não amo ninguém
Eu não amo ninguém, parece incrível
Não amo ninguém
E é só amor que eu respiro
Eu ontem fui dormir todo encolhido
Agarrando uns quatro travesseiros
Chorando bem baixinho, bem baixinho, baby
Pra nem eu nem Deus ouvir
Fazendo festinha em mim mesmo
Como um neném, até dormir
Sonhei que eu caía do vigésimo andar
E não morria
Ganhava três milhões e meio de dólares
Na loteria
E você me dizia com a voz terna, cheia de malícia
Que me queria pra toda vida
Mal acordei, já dei de cara
Com a tua cara no porta-retrato
Não sei por que que de manhã
Toda manhã parece um parto
Quem sabe, depois de um tapa
Eu hoje vou matar essa charada
Se todo alguém que ama
Ama pra ser correspondido
Se todo alguém que eu amo
É como amar a lua inacessível
É que eu não amo ninguém
Não amo ninguém
Eu não amo ninguém, parece incrível
Não amo ninguém
E é só amor que eu respiro
Por aí
Cazuza e Roberto Frejat
Se você me encontrar assim
Meio distante
Torcendo cacho
Roendo a mão
É que eu tô pensando
Num lugar melhor
Ou eu tô amando
E isso é bem pior, é
Se você me encontrar
Rodando pela casa
Fumando filtro
Roendo a mão
É que eu não tô sonhando
Eu tenho um plano
Que eu não sei achar
Ou eu tô ligado
E o papel, e o papel
E o papel pra acabar
Se você me encontrar
Num bar, desatinado
Falando alto coisas cruéis
É que eu tô querendo um cantinho ali
Ou então descolando
Alguém pra ir dormir
Mas se eu tiver nos olhos
Uma luz bonita
Fica comigo
E me faz feliz
É que eu tô sozinho
Há tanto tempo
Que eu me esqueci
O que é verdade
E o que é mentira em volta de mim
Nós
Cazuza, Roberto Frejat
Mas não é só isso
O dia também morre e é lindo
Quando o sol dá a alma
Pra noite que vem
Alma vermelha, que eu vi
Vê, são tantas histórias
Que ainda temos que armar
Que ainda temos que amar
Por enquanto cantamos
Somos belos, bêbados cometas
Sempre em bandos de quinze ou de vinte
Tomamos cerveja
E queremos carinho
E sonhamos sozinhos
E olhamos estrelas
Prevendo o futuro
Que não chega
Não é só pensar no fim
Nas profecias
Não, não, não, não
É pensar que um dia
Sob algum luar
Vou te mandar um recado
Um reggae bem gingado
Alucinado de amor
Amassado num guardanapo
Pra rirmos dos loucos
Dos sábios, dos mendigos
E dos palhaços noturnos
O sal da terra
Ainda arde e pulsa
Aqui nesse instante
E olhamos a lua
E babamos nos muros
Cheios de desejos
Um dia na vida
Mas não é só isso
O dia também morre e é lindo
Quando o sol dá a alma
Pra noite que vem
Alma vermelha, que eu vi
Vê, são tantas histórias
Que ainda temos que armar
Que ainda temos que amar
Por enquanto cantamos
Somos belos, bêbados cometas
Sempre em bandos de quinze ou de vinte
Tomamos cerveja
E queremos carinho
E sonhamos sozinhos
E olhamos estrelas
Prevendo o futuro
Que não chega
Não é só pensar no fim
Nas profecias
Não, não, não, não
É pensar que um dia
Sob algum luar
Vou te mandar um recado
Um reggae bem gingado
Alucinado de amor
Amassado num guardanapo
Pra rirmos dos loucos
Dos sábios, dos mendigos
E dos palhaços noturnos
O sal da terra
Ainda arde e pulsa
Aqui nesse instante
E olhamos a lua
E babamos nos muros
Cheios de desejos
Um dia na vida
Cazuza, Maurício Barros
Não existe nada vivo
Dentro desse quarto
Todo dia eu pego o medo
Meço, mato e guardo
Num cansaço calmo de sobreviver
Cantar pra subir
Descer e dar uma banda
Um dia na vida vale
Você vem
Você tem
Um dia na vida vale pra comemorar
O nosso encontro em nenhum lugar
Pra que escrever poesias num papel higiênico
Depois se limpar com as tristezas de sempre
Um dia na vida
Outro fósforo, outro sol
"A vida é um piscar de olhos
E o amor, um alô e um tchau"
Um dia na vida passa de carona na esquina
Um dia na vida vale qualquer tentativa