DESESPERO I
Fome
Não quero comer
Pelos fios magros do meu corpo
adentraste meu desgosto
de saber que não há
como você alguém pra amar
Então pra que?
Escrever poemas?De que me servem?
Essas cabeças de gatos
Frio. 40 graus
limiares
simultâneos
dependência
Verde
vila
Ana
É tão pegajoso
Poesia-criolina
queima
arde
invade
DESESPERO II
Molecular
Era essa a palavra
que escapou
outro dia
Sinto
esse vai vem
que emana
do canto das sílabas
Curva
onda
oscilação
QUEBRA
Infinito
Escuro
úmido
Desespero, terceira vez
Que os cantos
deuses
orixás
celebrem
solo seco
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