segunda-feira, abril 13, 2015

Cúmplices

Cúmplices de um crime
eles não se entregam
guardam
o fio da meada

Cúmplices de uma dor
eles não correm
percebem
o acolhimento da magoa

Cúmplices de um sorriso
eles não gargalham
escondem
o segredo da piada

Cúmplices da lágrima
eles choram
guardados
não transbordam nada

Um dia
um pedaço se desloca
solto no universo
a cumplicidade aterrada

De olhos fechados
percorrem três estradas
com os dedos abertos
se tocam de boca fechada

A extensão de um corpo
não sobrepõe os braços
alongam-se lânguidos
pela posição mais acertada

Amanhã
pode não haver cumplicidade
os encontros são feitos de agora
e mais nada.


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