segunda-feira, abril 13, 2015

Entrega

Na descida
vejo melhor
a mata
que nasce nas águas

vidas, minas

à neblina
minha entrega
tato, sentido mais fino
na cegueira branca de um ensaio

Nas pontas dos dedos
fricções de um mundo
fugido
imaculado

à aspereza da descoberta
lingua ferida
de gatas
da pátria

Punhos soltos
ossos no chão
e a entrega
no cerrado

Semente na boca do peixe
mata nas rachaduras
estrias abertas
a entrega, um portão

Ao final da ponte
um terremoto
não se volta
a entrega não cabe na nuca

Não posso, não posso
um passo pra trás
penhasco
com o bebê no colo

Roupa pendurada
galho balançando
linha tênue
a entrega respira

A lua escondida em lágrimas
fecha o tempo da espera
entrega tudo
que o sono entrega a palavra.

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