sábado, dezembro 23, 2006

A vida pesa


Sábado, um dia antes do Natal; Portugal, Lisboa, frio, solidão. A vida pesa, pesa alguns quilos a mais do que outrora. Meu corpo está magro e fino, está sujo e sem cor; minha cara pálida e séria.
A vida pesa.
Parece que estou dentro de um túnel escuro. Tenho a certeza, ou pelo menos a esperança de que existe uma luz no fim, mas o que mais me aflige é que eu não a vejo, não a consigo apalpar com os olhos. E isso vai me causando um corroer dos orgãos. É como a morte. Sabemos que ela existe, mas nunca sabemos nem podemos prever quando ela virá te buscar. Mesmo os mais aflitos que resolvem chegar até ela, mesmo eles, não sabem o seu preciso momento. É um estágio que não se passa, atravessa.
Sei que a vida vai se tornar mais leve, mas não consigo nem prever nem antecipar este momento. E as vezes dá esta angústia de querer que chegue logo. É como quando crianças, esperamos o papai noel, sabemos que ele vem, mas nunca chega. Acontece que eu sei qual é o setimento de quando ele chega, essa é a diferença. Ainda estou dentro do túnel e por isso não sei o sentimento de encontrar a luz, mas estou ansiosa por ele.
Isso pode ser visto como um ponto positivo para a minha caminhada, o fato de sentir que a vida vai se tornar mais leve, mas o fato de não sabermos quando este dia chegará é um sentimento absolutamente inexplicável de tão forte e intenso. E isso faz com que o fato de sabermos que há uma luz seja absolutamente irrelevante, isso significa que aquele ponto positivo que acabei de ganhar no início do parágrafo seja retirado da minha caderneta.
A vida é mesmo infantil. Tudo o que vivemos na infância, desde a espera do papai noel até a vida sendo controlada por pontos positivos e negativos, tudo isso faz parte de toda a vida. E assim crescemos e temos os mesmo problemas, com uma grande diferença, quando se é criança, pode cair o mundo, mas a vida nunca, nunca vai pesar.

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