segunda-feira, abril 25, 2011

M E N T I R A

I
Sinais de corpo
jogados
amontoados sobre terra
mortos, carcaças

Só queria diversão
ela, não queria nada
os outros querem o quê?
Sorvetes de morango

Palavras soam
como balas atiradas
de uma arma-dilha
caí na teia da aranha

Sorrateira vida
medida em xícaras
punhados de latitude
miopia da civilização

Questões falsas
angústias fabricadas
de um futuro aterrorizante
Mentira

II
Estou tentando
juro que sim
tento bem até
nunca chegar ao fim

Será que poderia
por favor explodir
a casa onde vivi?
Era só pra nascer de novo

Mais fria
sim, quero ser mais fria
não quero amar
chego a atravessar a rua

Coraçãozinho endurece
virando uma só pedra
de mármore carrara
esculpida no portão

No porão da alma
guardo só entulhos
pras crianças brincarem
com os cacarecos da avó

Mas se não tiver filhos?
É melhor explodir a casa
"Quem perde o telhado
em troca recebe as estrelas"

Eu já não amo
Mentira

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