I
Sinais de corpo
jogados
amontoados sobre terra
mortos, carcaças
Só queria diversão
ela, não queria nada
os outros querem o quê?
Sorvetes de morango
Palavras soam
como balas atiradas
de uma arma-dilha
caí na teia da aranha
Sorrateira vida
medida em xícaras
punhados de latitude
miopia da civilização
Questões falsas
angústias fabricadas
de um futuro aterrorizante
Mentira
II
Estou tentando
juro que sim
tento bem até
nunca chegar ao fim
Será que poderia
por favor explodir
a casa onde vivi?
Era só pra nascer de novo
Mais fria
sim, quero ser mais fria
não quero amar
chego a atravessar a rua
Coraçãozinho endurece
virando uma só pedra
de mármore carrara
esculpida no portão
No porão da alma
guardo só entulhos
pras crianças brincarem
com os cacarecos da avó
Mas se não tiver filhos?
É melhor explodir a casa
"Quem perde o telhado
em troca recebe as estrelas"
Eu já não amo
Mentira
Sem comentários:
Enviar um comentário