I
Menos ar
olhos secos d'água
todo o sal do mar
amontoado nas pálpebras
Ve-se menos a linha
horizontal das relações
ve-se mais círculos
viciados
Pegar uma tangente
viajar nas setas do mar
deixar a onda bater
e levar para o triângulo
Será?
parece que respiro melhor
mais húmido
mais humano
Mesmo que não se chore
mesmo que não se chova
mesmo que calados
estes olhos d'água
Já tão embaçados
a neblina virou lente
o coração virou orgão
e meu amor não virou nada.
II
Conta quantos dedos
aparecem na janela
quantas pessoas
amontoam nela
Vejo a tua cara
vestida de rosto
teu seio
de pedra
Se choro
já não canto
de canto
choro no vagão
Sons me trazem
águas das ondas
choro, choro
e o metrô cheio
Ninguém dá por isso
só se pensa em chegar
mas onde se vai?
Guardar as águas
E já não quero
o que?
já não penso
ser, saber
Sei lá,
hoje quero chorar
até cansar
e ler poesia na cama.
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