Olha pelo azul
das praças cobertas
do vermelho de cobre,
lendárias
Vê, que não são poucos
os vidros quebrados
pelos gritos histéricos
dos homens amedrontados
Histéricos? Homens?
Alguma coisa errada
é que mudei os gêneros
cruzeis as calçadas
Enquanto isso
mulheres amontoadas
tentando ser outra coisa, que não
essa merda que invento, desordenada
E a desordem dos apartamentos
intocados pela higiene aburguesada
não vive ninguém ali, parece
que já ninguém quer viver nada
A sujeira que se acumula
nos cantos dos azulejos
entoados por sereias de pé
agora nada, eu vejo
E ao ver alguma coisa
vou sendo várias
homens, mulheres
e até estas sereias cansadas
Então vamos embora
que nada espera nem te cobra
sou apenas uma coisa
que agora é o agora.
Enfim, vãos são seus desejos
tortos todos os meus azulejos
sujeiras acumulam-se nas orelhas
não quero ser limpa.
Apenas as ameijoas das praias alheias
E tu, quem serás ó silhueta sem sexo?
Sereia, homem, mulher, ou nexo?
Nada, pois já não há classificações
às loucuras do ser humano
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