segunda-feira, maio 09, 2011

NEXO

Olha pelo azul
das praças cobertas
do vermelho de cobre,
lendárias

Vê, que não são poucos
os vidros quebrados
pelos gritos histéricos
dos homens amedrontados

Histéricos? Homens?
Alguma coisa errada
é que mudei os gêneros
cruzeis as calçadas

Enquanto isso
mulheres amontoadas
tentando ser outra coisa, que não
essa merda que invento, desordenada

E a desordem dos apartamentos
intocados pela higiene aburguesada
não vive ninguém ali, parece
que já ninguém quer viver nada

A sujeira que se acumula
nos cantos dos azulejos
entoados por sereias de pé
agora nada, eu vejo

E ao ver alguma coisa
vou sendo várias
homens, mulheres
e até estas sereias cansadas

Então vamos embora
que nada espera nem te cobra
sou apenas uma coisa
que agora é o agora.

Enfim, vãos são seus desejos
tortos todos os meus azulejos
sujeiras acumulam-se nas orelhas
não quero ser limpa.

Apenas as ameijoas das praias alheias
E tu, quem serás ó silhueta sem sexo?
Sereia, homem, mulher, ou nexo?
Nada, pois já não há classificações

às loucuras do ser humano

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