Prédios, plantas
jovens nos bancos
brancos, descascados
o tempo esteve aqui
O silêncio do barulho
escolho sons
com todo o corpo
brisa do outono
Cabeça latejante
ritmo do coração
dói, porque não há sangue
nos pensamentos
Que fome, já é tarde
vontade de dormir na praça
comer folhas secas
crocantes sob o chinelo
Andar até o outro lado
raios amarelos
azul-pintura
topo do corpo
Horizonte vertical
cidades esparramadas,
melhor sair
pra circular os sentimentos
II
E circula o vento frio
condensado pelo sol
viajo no tempo e nos espaços
volto, sem ir
Qual o prazer afinal?
estar aqui, sozinha
não há argumentos
rostos, só os dos outros
Gasto pouco com pernas
energia em outro lugar
sem (des)compensar os rins
compensa este lugar
E aqui comigo
há muita gente
os reis, os índios
os meus, os nossos
E quem eu quero ser
agora? Poder ou potência?
Vou perdendo a gordura
que gruda ao meu jardim
Vou beber um café
para desgrudar a cabeça
o corpo anda
e a tarde já se vai
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