domingo, maio 01, 2011

TARDE DE SABADO

I
Prédios, plantas
jovens nos bancos
brancos, descascados
o tempo esteve aqui

O silêncio do barulho
escolho sons
com todo o corpo
brisa do outono

Cabeça latejante
ritmo do coração
dói, porque não há sangue
nos pensamentos

Que fome, já é tarde
vontade de dormir na praça
comer folhas secas
crocantes sob o chinelo

Andar até o outro lado
raios amarelos
azul-pintura
topo do corpo

Horizonte vertical
cidades esparramadas,
melhor sair
pra circular os sentimentos

II
E circula o vento frio
condensado pelo sol
viajo no tempo e nos espaços
volto, sem ir

Qual o prazer afinal?
estar aqui, sozinha
não há argumentos
rostos, só os dos outros

Gasto pouco com pernas
energia em outro lugar
sem (des)compensar os rins
compensa este lugar

E aqui comigo
há muita gente
os reis, os índios
os meus, os nossos

E quem eu quero ser
agora? Poder ou potência?
Vou perdendo a gordura
que gruda ao meu jardim

Vou beber um café
para desgrudar a cabeça
o corpo anda
e a tarde já se vai

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